terça-feira, 23 de setembro de 2008

Corra da Felicidade, corra.


Porque um dia a Felicidade suposta e futura me virou às costas e desde então eu não paro de correr- minha vontade primeira era voar, olhar tudo do alto e em terceira pessoa, mas como a transcendência é uma arte impraticável àqueles sem paz de espírito, eu resolvi apenas continuar correndo- ligeira, para não avistar aquilo que se tornou um passado certo e triste, pra não relembrar o que me restou depois daquele dia em que a Felicidade presumida me disse que tinha uma companhia para aqueles tempos...Tempos de alegria. Pois foi, até a própria Felicidade estava em busca da felicidade que não se encontrava em mim. Não naquele dia, não é?! E o que mudou? Eu corri por tempos, mas ainda lembro... O que antes me rejeitara agora cobiça o impossível, pois de tanto correr eu me tornei intangível e distante. A Felicidade corre e eu corro. Corro tentando fugir.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Deixa estar


Um leve despertar para a realidade, o real me puxando e eu trazendo comigo emaranhados sonhos... nem lá nem cá, exatamente no meio, numa transfiguração dos desejos mais abissais (tão profundos quanto inconscientes) se manifestando no ápice do meu ego, lavando minha alma, sujando minha mente, colocando cascas de bananas em lugares completamente estratégicos para sequer o existencialismo tentar justificação em toda em todas as minhas recaídas.
Eu só querendo ficar em paz, me familiarizando com o sol e ridicularizando a insônia em sonos cada vez mais satisfatórios, quando vem o passado e... serve pra quê (?) senão para atrapalhar minhas estratégias. Transpõe barreiras, empurra portas, assim, tremendamente mal educado e fazendo-se necessário para poder ficar mais um pouquinho, um pouco mais, desta vez com mais cautela, mais carinho, sussurrando baixinho- entre segundos entrecortados pela distância. O passado apaixonado pela fraqueza a chama para mais uma valsa, Desta vez mais prevenido, não digo mais forte, porém mais armado e irônico, brincando com as fraquezas mais escondidas, tão que já nem notava...Ah! Mas agora elas, As fraquezas, não cansam de gargalhar e dançar, estão libertas, percebam o sarcasmo, Agora milhares delas, como pragas acasalando no meu quarto, ovulando a minha mente, fertilizando meus devaneios. Elas, as fraquezas, as pragas (quem se importa!) zunindo, zumbindo, zombando de mim, sugando meu disfarce. Mas não há lamentos “porque as coisas são mesmo assim, talvez por certa magia, predestinações, caminhos ou simplesmente acaso, quem saberá, ou ainda por ser natural que assim fosse, menos que natural, inevitável, fatalidades, trágicos encantos.” E como diz um ditado do Norte: Let it be, let it be.Let it be, let it be.There will be an answer, let it be...

domingo, 16 de março de 2008

Assim Assim


Isso aconteceu no dia 17 de Agosto de 2028. Agora, tempos depois as coisas estam bem piores... Médicos dizem que não tem mais jeito, que eu preciso aceitar, me conformar, ainda disseram que não é necessário me afugentar, muita gente sofre deste MAL... enfim não preciso me sentir tão excluída (ou exclusiva) assim... É. Não deixa de ser consolo saber que a desgraça foi bem distribuída entre a raça humana.
Isso começou no inverno, às 5:17 da manhã. Foi. Eu levantei cedo mesmo, tão cedo que pensei que fosse noite ainda, achava que tinha acordado interrompendo não sei o que de outro mundo. Vesti uma roupa extra e saí caminhando, E foi neste dia/meio noite que o vento gélido me tocou, foi naquela manhã desacordada que a solidão esfriou minhas mãos, eu não consigo lembrar o que passou pela minha cabeça naquele exato momento, mas o meu coração perdeu algo assim como um suspiro. Essa perda se alojou comodamente – como que não quer nada - em minha face, uma dorzinha insignificante, como se fosse a própria ausência de dor, a falta da dor, uma anestesia completamente pacífica, quase pedindo autorização. Não que eu tenha permitido, mas ela foi sorrateira, o refúgio refletido entre meu lábio superior e meu nariz, no canto esquerdo, como a pontinha de um palito de fósforo, aqueles tantos que serviram pra esquentar meus pulmões e aquecer minha alma.
Isso ocorreu numa quinta-feira de um ano bissexto, foi quando tudo começou. Aquela pontinha do palito ficou satisfeita e se recusou a sair, foi crescendo e engolindo meus sorrisos e afeições como um buraco negro absorvendo toda minha escassa vontade de coisa e tal... – Sua face está petrificando, foi o que os médicos tanto repetiram de diversas maneiras e tons Isso mesmo, Ficou difícil sobreviver aqui pras bandas do Sul. Por aqui as pessoas sorriem muito, não estava acostumada Só isso, mas agora ainda mais isso, sabe como é “cabra-macho-sinsinhôr” ... E foi assim que eu descobri como é a dor. Sempre vem quando é lembrada ou é lembrada quando vem, enfim, dor de dente, unha encravada, papo furado, dor de cotovelo...O frio também contribui, Superfatura todas as dores, elas valem muito, custam muito. Pra ir embora, Não sei mais o que é dor, essa não deixa de me fazer companhia, faz eu sentir... “Um pouco de. Ou: qualquer coisa assim.”

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

...


Nesse dia fazia calor, ou eu que estava correndo, correndo contra o tempo, talvez os dois, não consigo lembrar, minhas recordações são todas figurativas e eu não lembro de ter imaginado o sol me derretendo ou um relógio caindo em cima de mim, ou coisa do tipo, enfim... Eu estava realmente atrasada, e toda minha agonia se manifestava claramente nas minhas roupas e no meu não-penteado. Subi no ônibus; códigos na mão, leis na cabeça, meia-passagem, celular tocando, partida do automóvel...
-"Fudeu!" (Pensei no exato momento que caí dentro naquele redemoinho).
Quando realcancei a percepção olhei rapidamente ou fixamente no fundo daquela máquina coletiva... Um semi-deus, um quase homem grego! Óculos, pasta no colo... mais inteligente do que forte. Ateniense! E rindo... Aquele olhar escondido pelos fios que caíam no seu rosto pálido. Teseu - o conquistador!
Ah! As associações são a chave da lembrança! E eu buscava mais uma forma significativa de linguagem ou aproximação (Ri de volta).
-Tudo bem?! (Ele perguntou revelando sua idade com o aparelho que usava nos dentes).
-"Minhas costas, Que tal uma massagem? A-haha" -Tudo bem, obrigada!
No máximo 16 anos, um crime contra a Nação, contra a moral dos bons costumes. Seria presa, eu com meus 23 anos acusada por sedução de menores... No julgamento eu diria que ele riu pra mim primeiro, Que ele me seduziu , Que ele é o culpado! Quem mandou ele ser assim. Tão grego. -E sua idade nunca atrapalhou em nada, Senhor Juiz, ele já nasceu sabendo (Hahaha), e mais; eu me prevenia, ele não está grávido!
Eu ironizava minha desgraça e com deboches à raça humana tentava amenizar minha condição, eu não queria me encaixar no Sistema, não ansiava carga de civilidade, muito menos moralidade. Na cidade grande eu buscava resquícios de selvageria! -Era isso que fazíamos! Pulávamos de árvores com cipó, essas coisas... Sabia que não seria absolvida e que ele iria embora, o mandariam a mais uma Guerra Médica...

foto : http://www.deviantart.com/print/167738/

Andarilha.


E caminhando...só não queria chegar aos 20 anos...tantos assim...parece até um esbanjamento...incontáveis suspiros em tão poucos feitos, tão poucos erros, tanta letra em tão pouca música, tão pouca melodia...caminhos traçados de empirismo alheio pelo medo de errar, pelo receio de corromper minutos em horas, meus preciosos minutos...pelo pavor de perder um dia, dia inútil.Que estrago!Quanto gasto!
Linhas de raciocínio, regressão de pensamentos, cálculos e contas, tudo despedaçado, tudo desperdiçado e desfeito pela inultilidade camuflada e pela satisfação inconstante e passageira.
Mas a caminhada é longa e ficar abismado é cair num abismo, abaixar a cabeça é cair no sono, sonhar...sonhos cansativos que perseguem e escravizam, -Nessa andança não preciso de nada atrás de mim, ninguém me punindo...aquelas vontades que crescem num balão alçam vôo e te escapam ás mãos...voam tão alto...que bom seria só vislumbrar...se não fossem nossos, e nossa vontade de tocar.
...Depois, estouram em chuvas de fogos, a noite, fazendo-nos crê que "nessas estrelas" pedidos serão ouvidos e preces atendidas.
-Solte esse cronômetro! -Na minha corrida mando EU!(...)Não posso ir mais rápido, minha caminhada não te importa, meus 20 anos não te alcançam, meus feitos não te bastam...Se eu estiver cansada, minhas vontades não te machucam, meus papéis não te revelam, meus sonhos não te realizam...e minhas vantagens, são vantagens apenas pra mim.
Me deixa...Assim...vagante...viajante.

Enigma.


Eu sou criatura dos meus pensamentos, articuladamente refeitos em cada reflexão, flexão aprimorada que aos poucos decifra o meu próprio mistério, construído ou não, mas mantido com força descomunal...Nem ouse solucionar este desafio, ele é MEU, todo meu!


Minha defesa é forte, eu me preservo, Não tente mensurar, Pare de olhar, Não me calcule, se não fossem as tentativas, eu não teria criado uma barreira assim...tão grande.Eu escolho quem me ver nos olhos...não é honra, é seleção, eleição.


Minhas preferêcias estão fora de moda, eu sei, Mas eu também as escolhi, quando ninguém as queria...O calculismo das horas vagas não me cansa, me anima...tudo isso é imprevisível e eu não paro de avaliar e desejar.


Chega de advinhações! Eu disse...meu muro é alto, a encosta é recortada e esse castelo é uma coisa complicada...quando sair, não vai querer voltar e se retornar inevitável vai ser a desarmonia, vai ser estranho, eu não sou acostumada e nada posso fazer se tudo que some eu começo a apreciar, estimar e euforicamente...sufocar...Enigma.

32 ângulos de visão


Café pra espantar o sono, café pra diluir o tédio... é um bom começo.


Uma xícara de cafeína pra afastar a preguiça... já que as celulites estão comodamente alojadas mesmo, não há muito o que fazer, elas também já estão cansadas.
32 anos numa xícara pra continuar vivendo, pra aquecer a idade, pra prevê o passado, esquecer do futuro. Tudo no fundo de uma xícara. 32 lentos minutos espantando a preguiça, lavando o rosto, despertando com café. Pra lutar. Pra viver. Pra lutar e viver. Viver pra amar. Amar pra morrer, morrer de amor. Amor e lutas, guerras e amor. Ninguém pode sair dessa ileso, nenhum culpado, nem um inocente... 32 horas escrevendo com dedicação. Dedicando minhas letras a pensamentos tortos regados de liberdade. Dedicando meus pensamentos a intelectuais de sangue e cocaína... que dissolvem egos, dissolvem fígados, dissolvem depressões... 32 estrelas a me beijar, 32 amores pra me guiar. Não consigo mais contar. Me faltam dedos, me faltam somas, me faltam palavras.
Ainda não é hora de terminar. Pego um cigarro. É... 32 anos não é fácil... nada mais no lugar, o corpo já não é mais o mesmo e eu já fui tantas pessoas esse tempo todo, criar uma fantasia original não é simples... mais uma tragada... as celulites não se importam mais, elas querem é mais. Essa é pra vocês. Celulites. Mais um gole de nicotina, uma tragada de cafeína. Isso não é bonito! Eu não preciso mais. Eu não exijo mais. As coisas são assim, um dia tudo cansa.
32 graus parecem pouco, mas não pra mim. Eu já amei demais, muitas aventuras, muita adrenalina. Posso me bastar agora com café e nicotina.

foto do site: deviantart

Encontro com o Destino.


-Desculpa traçar seu futuro assim, não foi uma maldição...precisava não acontecer...


-Mas por quê? Por que comigo?


-Não sei, minha cara...talvez essa luz no fim do túnel fosse fantasmagórica, ou quem sabe, forte demais, podia te cegar!


-Não poderia EU mesma tirar minhas conclusões? Poderia perguntar se eu queria intervenções...


-Mas eu sou o Destino, eu não faço perguntas, não deixo opções...


-Eu não acredito em VOCÊ! Destino é um sonho...Ilusão...


-Um conselho então:-continue dormindo!

E nas vésperas de realizar meu sonho, O sonho, eu duvidei... Realizar pra quê... (?) ... Realizar um sonho é matá-lo, sufocá-lo ...deixaria ele voar mais, sonhar mais, viver mais. Sem realizar ele continua sendo meu, e eu dele. Nos conhecemos TÃO bem... E depois... ter de criar outro, procurar, articular um desconhecido sonho... Não sei... Só para continuar vivendo em paz... Sei não.


foto: Rui Vale de Sousa

Um brinde!


Para cada Poeta: um vidro de perfume, um poço fundo de lama, sarjeta de rancores, asfalto, desamores... mais tudo aquilo que algumas pessoas evitam sem saber; fogem do sol das 6:00, esquivam-se do tempo que sobra, impedem o pesar das dúvidas, os temores e tremores... Aos Poetas... que não desviam-se da necessidade de colocar pra fora a detestável desilusão.
Para cada Idealista: um vidro de rancores, um poço fundo de desamores, um asfalto de lama, uma sarjeta de perfume... mais tudo aquilo que algumas pessoas evitam sem saber; fogem da sobra do sol, esquivam-se da dúvida das 6:00, impedem o pesar do tempo, os arrepios e calafrios... Aos Idealistas... que não desviam-se da loucura de colocar pra fora a detestável fantasia.
Para cada Louco: um poço fundo de vidro, um perfume de lama, rancores de asfalto, desamores de sarjeta... mais tudo aquilo que só eles procuram sem saber; questionam as dúvidas do tempo, anseiam o pesar do sol e degustam a sobra das 6:00, a imaginação, o capricho... Aos Loucos... que desviam-se de colocar pra fora quantitativo juízo.
Brindemos!!
PS: Foi especialmente divertido fazer esse texto... e como diz Santiago Nazarian: "É o tipo de coisa que só jovens românticos podem escrever" haha (=