quinta-feira, 24 de abril de 2008

Deixa estar


Um leve despertar para a realidade, o real me puxando e eu trazendo comigo emaranhados sonhos... nem lá nem cá, exatamente no meio, numa transfiguração dos desejos mais abissais (tão profundos quanto inconscientes) se manifestando no ápice do meu ego, lavando minha alma, sujando minha mente, colocando cascas de bananas em lugares completamente estratégicos para sequer o existencialismo tentar justificação em toda em todas as minhas recaídas.
Eu só querendo ficar em paz, me familiarizando com o sol e ridicularizando a insônia em sonos cada vez mais satisfatórios, quando vem o passado e... serve pra quê (?) senão para atrapalhar minhas estratégias. Transpõe barreiras, empurra portas, assim, tremendamente mal educado e fazendo-se necessário para poder ficar mais um pouquinho, um pouco mais, desta vez com mais cautela, mais carinho, sussurrando baixinho- entre segundos entrecortados pela distância. O passado apaixonado pela fraqueza a chama para mais uma valsa, Desta vez mais prevenido, não digo mais forte, porém mais armado e irônico, brincando com as fraquezas mais escondidas, tão que já nem notava...Ah! Mas agora elas, As fraquezas, não cansam de gargalhar e dançar, estão libertas, percebam o sarcasmo, Agora milhares delas, como pragas acasalando no meu quarto, ovulando a minha mente, fertilizando meus devaneios. Elas, as fraquezas, as pragas (quem se importa!) zunindo, zumbindo, zombando de mim, sugando meu disfarce. Mas não há lamentos “porque as coisas são mesmo assim, talvez por certa magia, predestinações, caminhos ou simplesmente acaso, quem saberá, ou ainda por ser natural que assim fosse, menos que natural, inevitável, fatalidades, trágicos encantos.” E como diz um ditado do Norte: Let it be, let it be.Let it be, let it be.There will be an answer, let it be...

2 comentários:

gato de Schrödinger disse...

Um texto em primeira pessoa, entrecortado por passagens em terceira, e que não esconde o fato de que tais memórias travestidas de um eu-lírico imaginário são na verdade as demonstrações de experiências agônico-maravilhosas vividas pela própria autora do texto.

É, este felino metafísico sabe bem como é buscar abrigos oníricos enquanto a realidade, severa e suave, tortura-nos de maneira tão brincalhona. O passado é esse peso tão, este encanto tão sombrio, que nos fascina e nos amedronta ao mesmo tempo e na mesma proporção.

Uma expressão que talvez se aproxime deste "let it be" é aquela que os franceses tanto adoram e tanto já pronunciaram: "c'est la vie". Sim, é a vida, é a vida...

Um saudoso abraço, srta. Prazeres.

gato de Schrödinger disse...

*peso tão leve