A mochila. Ela estava em alguma carteira que naquele momento eu não conseguia achar. Alguém a tirou do lugar e a colocou no canto da sala. Uma mochila sem dono, um dono sem carteira e SEM moral, numa sala de desconhecidos. Acabei sentando no chão, lugar que me coube, eu com minha falta de vontade e coragem reivindicatória.
Sem ousadia, me perdi dentro de mim. Pois nem raiva eu sentia.
Um cara acenou lugar ao seu lado. Um loiro. Quando sentei abriu logo um sorriso. Ele tinha o rosto bem redondo e algumas pintinhas no nariz. Perguntou se eu tinha ido pro Canadá. Estranho. Eu nunca nem saí daqui e me sinto tão deslocada, tão sem chão... Canadá? (pensei comigo). Ao meu redor, ao nosso redor, parecia que muitas pessoas já tinham ido pra lá, pois a pergunta parecia bastante óbvia.
Acho que eu nem respondi a pergunta dele, pois nesta hora tocou uma sirene que mais parecia um toque de celular. Nunca vi uma sirene tão insistente. E parecia tão perto.
No meu ouvido.
Parou.
Próxima vez não esqueço de colocar no silencioso.