domingo, 22 de março de 2009

Dor


Foi quando eu cheguei... achei tudo bem desarrumado, fora do lugar. Meio clichê “tudo fora do lugar”. Um pouco sertanejo até. Mas foi. Eu estava carente também. Precisava de atenção e não conseguia dormir a duas noites. Atenção é sonífero (?). Com sono e sem sono minha cabeça só inchava pra explodir não sei que horas, foi aí que escutei a terceira badalada de um novo dia. 3 hrs. Desesperei. O relógio batia e meu estômago é que era socado, fazendo minha cabeça rodar. Até poderia ter tomado um remédio e me masturbando pensando no cara que eu conheci à duas semanas, talvez eu tivesse conseguido esperar o efeito do remédio assim, mas não tentei também. Não tentei remédio, não tentei liberação de endorfina, não tentei dormir, eu queria era sofrer e extravasar a dor de alguma forma. Que forma? Nem os cachorros do vizinho deixariam. Aconteceu que a dor não era só na cabeça, eu estava convicta que aquilo era falta de abraço. Até tentei suprir essa necessidade abraçando o vaso sanitário depois de vomitar, mas ele tão frio disse “que não me amava”, “que eu só cagava”, “que assim era impossível”. Eu entendi o lado dele, entendi mesmo. Da segunda vez ele não agüentou me ver daquele jeito e até me aconselhou a pedir ajuda. Foi aí que um zumbi cruzou três cômodos até encontrar um ser animado e paralisado, naquele plano que eu não conseguia transpor, dormindo e roncando. Cheguei sem deixar dúvidas, abrindo aquele berreiro que não assusta, mas destranquiliza da forma que eu queria, ela estava sonhando e bem ou mal, compreendeu minha agonia. Não me abraçou, mas me levou ao hospital. Chegando lá, o médico me examinou, viu minha língua, mandou tossir, perguntou das alergias e fobias e passou o veredicto: TUBERCULOSE! A doença dos poetas boêmios. É até aceitável, depois de tanto “descer Bahia e subir Floresta” só podia acabar assim... Ele passou umas injeções de ânimo. Pra dor de cabeça, aspirina. Depois de ficar em observação ele me contou como segredo o elixir da vida interna... E voltei pra casa. Tranquila agora.

Um comentário:

Carla Pedraça disse...

haha.
adorei.
mas esse foi sonho tbm?
pq se não, foi massa.