segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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Nesse dia fazia calor, ou eu que estava correndo, correndo contra o tempo, talvez os dois, não consigo lembrar, minhas recordações são todas figurativas e eu não lembro de ter imaginado o sol me derretendo ou um relógio caindo em cima de mim, ou coisa do tipo, enfim... Eu estava realmente atrasada, e toda minha agonia se manifestava claramente nas minhas roupas e no meu não-penteado. Subi no ônibus; códigos na mão, leis na cabeça, meia-passagem, celular tocando, partida do automóvel...
-"Fudeu!" (Pensei no exato momento que caí dentro naquele redemoinho).
Quando realcancei a percepção olhei rapidamente ou fixamente no fundo daquela máquina coletiva... Um semi-deus, um quase homem grego! Óculos, pasta no colo... mais inteligente do que forte. Ateniense! E rindo... Aquele olhar escondido pelos fios que caíam no seu rosto pálido. Teseu - o conquistador!
Ah! As associações são a chave da lembrança! E eu buscava mais uma forma significativa de linguagem ou aproximação (Ri de volta).
-Tudo bem?! (Ele perguntou revelando sua idade com o aparelho que usava nos dentes).
-"Minhas costas, Que tal uma massagem? A-haha" -Tudo bem, obrigada!
No máximo 16 anos, um crime contra a Nação, contra a moral dos bons costumes. Seria presa, eu com meus 23 anos acusada por sedução de menores... No julgamento eu diria que ele riu pra mim primeiro, Que ele me seduziu , Que ele é o culpado! Quem mandou ele ser assim. Tão grego. -E sua idade nunca atrapalhou em nada, Senhor Juiz, ele já nasceu sabendo (Hahaha), e mais; eu me prevenia, ele não está grávido!
Eu ironizava minha desgraça e com deboches à raça humana tentava amenizar minha condição, eu não queria me encaixar no Sistema, não ansiava carga de civilidade, muito menos moralidade. Na cidade grande eu buscava resquícios de selvageria! -Era isso que fazíamos! Pulávamos de árvores com cipó, essas coisas... Sabia que não seria absolvida e que ele iria embora, o mandariam a mais uma Guerra Médica...

foto : http://www.deviantart.com/print/167738/

Andarilha.


E caminhando...só não queria chegar aos 20 anos...tantos assim...parece até um esbanjamento...incontáveis suspiros em tão poucos feitos, tão poucos erros, tanta letra em tão pouca música, tão pouca melodia...caminhos traçados de empirismo alheio pelo medo de errar, pelo receio de corromper minutos em horas, meus preciosos minutos...pelo pavor de perder um dia, dia inútil.Que estrago!Quanto gasto!
Linhas de raciocínio, regressão de pensamentos, cálculos e contas, tudo despedaçado, tudo desperdiçado e desfeito pela inultilidade camuflada e pela satisfação inconstante e passageira.
Mas a caminhada é longa e ficar abismado é cair num abismo, abaixar a cabeça é cair no sono, sonhar...sonhos cansativos que perseguem e escravizam, -Nessa andança não preciso de nada atrás de mim, ninguém me punindo...aquelas vontades que crescem num balão alçam vôo e te escapam ás mãos...voam tão alto...que bom seria só vislumbrar...se não fossem nossos, e nossa vontade de tocar.
...Depois, estouram em chuvas de fogos, a noite, fazendo-nos crê que "nessas estrelas" pedidos serão ouvidos e preces atendidas.
-Solte esse cronômetro! -Na minha corrida mando EU!(...)Não posso ir mais rápido, minha caminhada não te importa, meus 20 anos não te alcançam, meus feitos não te bastam...Se eu estiver cansada, minhas vontades não te machucam, meus papéis não te revelam, meus sonhos não te realizam...e minhas vantagens, são vantagens apenas pra mim.
Me deixa...Assim...vagante...viajante.

Enigma.


Eu sou criatura dos meus pensamentos, articuladamente refeitos em cada reflexão, flexão aprimorada que aos poucos decifra o meu próprio mistério, construído ou não, mas mantido com força descomunal...Nem ouse solucionar este desafio, ele é MEU, todo meu!


Minha defesa é forte, eu me preservo, Não tente mensurar, Pare de olhar, Não me calcule, se não fossem as tentativas, eu não teria criado uma barreira assim...tão grande.Eu escolho quem me ver nos olhos...não é honra, é seleção, eleição.


Minhas preferêcias estão fora de moda, eu sei, Mas eu também as escolhi, quando ninguém as queria...O calculismo das horas vagas não me cansa, me anima...tudo isso é imprevisível e eu não paro de avaliar e desejar.


Chega de advinhações! Eu disse...meu muro é alto, a encosta é recortada e esse castelo é uma coisa complicada...quando sair, não vai querer voltar e se retornar inevitável vai ser a desarmonia, vai ser estranho, eu não sou acostumada e nada posso fazer se tudo que some eu começo a apreciar, estimar e euforicamente...sufocar...Enigma.

32 ângulos de visão


Café pra espantar o sono, café pra diluir o tédio... é um bom começo.


Uma xícara de cafeína pra afastar a preguiça... já que as celulites estão comodamente alojadas mesmo, não há muito o que fazer, elas também já estão cansadas.
32 anos numa xícara pra continuar vivendo, pra aquecer a idade, pra prevê o passado, esquecer do futuro. Tudo no fundo de uma xícara. 32 lentos minutos espantando a preguiça, lavando o rosto, despertando com café. Pra lutar. Pra viver. Pra lutar e viver. Viver pra amar. Amar pra morrer, morrer de amor. Amor e lutas, guerras e amor. Ninguém pode sair dessa ileso, nenhum culpado, nem um inocente... 32 horas escrevendo com dedicação. Dedicando minhas letras a pensamentos tortos regados de liberdade. Dedicando meus pensamentos a intelectuais de sangue e cocaína... que dissolvem egos, dissolvem fígados, dissolvem depressões... 32 estrelas a me beijar, 32 amores pra me guiar. Não consigo mais contar. Me faltam dedos, me faltam somas, me faltam palavras.
Ainda não é hora de terminar. Pego um cigarro. É... 32 anos não é fácil... nada mais no lugar, o corpo já não é mais o mesmo e eu já fui tantas pessoas esse tempo todo, criar uma fantasia original não é simples... mais uma tragada... as celulites não se importam mais, elas querem é mais. Essa é pra vocês. Celulites. Mais um gole de nicotina, uma tragada de cafeína. Isso não é bonito! Eu não preciso mais. Eu não exijo mais. As coisas são assim, um dia tudo cansa.
32 graus parecem pouco, mas não pra mim. Eu já amei demais, muitas aventuras, muita adrenalina. Posso me bastar agora com café e nicotina.

foto do site: deviantart

Encontro com o Destino.


-Desculpa traçar seu futuro assim, não foi uma maldição...precisava não acontecer...


-Mas por quê? Por que comigo?


-Não sei, minha cara...talvez essa luz no fim do túnel fosse fantasmagórica, ou quem sabe, forte demais, podia te cegar!


-Não poderia EU mesma tirar minhas conclusões? Poderia perguntar se eu queria intervenções...


-Mas eu sou o Destino, eu não faço perguntas, não deixo opções...


-Eu não acredito em VOCÊ! Destino é um sonho...Ilusão...


-Um conselho então:-continue dormindo!

E nas vésperas de realizar meu sonho, O sonho, eu duvidei... Realizar pra quê... (?) ... Realizar um sonho é matá-lo, sufocá-lo ...deixaria ele voar mais, sonhar mais, viver mais. Sem realizar ele continua sendo meu, e eu dele. Nos conhecemos TÃO bem... E depois... ter de criar outro, procurar, articular um desconhecido sonho... Não sei... Só para continuar vivendo em paz... Sei não.


foto: Rui Vale de Sousa

Um brinde!


Para cada Poeta: um vidro de perfume, um poço fundo de lama, sarjeta de rancores, asfalto, desamores... mais tudo aquilo que algumas pessoas evitam sem saber; fogem do sol das 6:00, esquivam-se do tempo que sobra, impedem o pesar das dúvidas, os temores e tremores... Aos Poetas... que não desviam-se da necessidade de colocar pra fora a detestável desilusão.
Para cada Idealista: um vidro de rancores, um poço fundo de desamores, um asfalto de lama, uma sarjeta de perfume... mais tudo aquilo que algumas pessoas evitam sem saber; fogem da sobra do sol, esquivam-se da dúvida das 6:00, impedem o pesar do tempo, os arrepios e calafrios... Aos Idealistas... que não desviam-se da loucura de colocar pra fora a detestável fantasia.
Para cada Louco: um poço fundo de vidro, um perfume de lama, rancores de asfalto, desamores de sarjeta... mais tudo aquilo que só eles procuram sem saber; questionam as dúvidas do tempo, anseiam o pesar do sol e degustam a sobra das 6:00, a imaginação, o capricho... Aos Loucos... que desviam-se de colocar pra fora quantitativo juízo.
Brindemos!!
PS: Foi especialmente divertido fazer esse texto... e como diz Santiago Nazarian: "É o tipo de coisa que só jovens românticos podem escrever" haha (=